Você não estava lá

O pai, pai, pai...

Palavras que ficaram presas em minha garganta e não pude soltá-las porque você não estava lá.

Na escola, você nunca estava lá. 

Também não estava lá quando apanhei de alguns garotos porque não me ensinou a me defender.

A palavra pai? Continua gritando dentro de mim, sem poder sair, porque você não estava lá. 

Ás coisas de menino, aprendi nas revistas ou tinha que perguntar para minha mãe, mesmo morrendo de vergonha. 

Futebol? Joguei pouco, bicicleta? Batalhei para conquistar a minha e aprender a andar. 

Tempos depois, pouco crescido, tive um padrasto. 

Ele era incrível e me ensinou muita coisa, o considerava como pai, porque ele foi até melhor que muitos.  

Porém não conseguia soltar a palavra preza na garganta. 

Não posso me esquecer das brincadeiras de de mal gosto como: FILHO SEM PAI, BASTARDO, FILHO DE MÃE SOLTEIRA entre outros...

E, ainda garoto descubro que seria pai e nasce minha primeira filha. 

Desta vez, o pai estava lá! Eu.

Vi ela crescer e dar os primeiros passos, dizer ás palavras.

Nossa, como foi bom participar destes momentos. 

Brincávamos de casinha com comidinhas de verdade, pega-pega, esconde-esconde entre tantas outras brincadeiras.

A primeira bicicleta dela? Sim, pude comprar e ensiná-la a andar.

O joelho ralado? também ralei o meu para apoiá-la.

Trabalhos e prova escolares? Pude corrigir e dar nota porque eu estava lá!

Canções de ninar? Cantei, o mingau para ela? Eu fiz, até chegou a hora de ouvir a palavra preza dentro de mim, PAI.

Depois veio meu filho e com ele pude repetir algumas coisas e fazer outras como: Jogar bola, mesmo ficando quebrado, pois já não tinha mais o mesmo pique.

Ao ver ele triste e perguntar o que ele tinha? E ele me dizer que estava triste porque os amiguinhos conseguiam subir na árvore ele não.

Imediatamente, pequei uma escada e subimos na árvore juntos, porque eu estava lá. Esta árvore ficava na praça, era quase 22h, quem passava não entendia nada, mas eu estava lá com meu filho, realizando mais este desejo dele. 

Resumindo:

A filha já é maior de idade e casada. 

O filho também já e grandinho, más quando eles gritarem pai, pai, pai...

Eu quero estar lá!  

Pois hoje, com 39 anos, ainda não pude soltar o grito preso na garganta, porque você não está aqui.

Moral da História:

Filhos, valorizem seus pais enquanto eles estão vivos e presentes. 

Pais, valorizem seus filhos, os encha de amor, carinho e atenção, estejam lá.

Para que eles não cheguem aos seus 39 anos e não possam soltar este grito ainda preso em minha garganta mim.

Reflitam.